“Estes são os sinais que acompanharão aos que tiverem crido: em meu nome expulsarão demônios, falarão em novas línguas, pegarão em serpentes, e se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão curados”. (Marcos 16, 17-18)
E São Justino († 165) escreveu o que segue:
“Podeis compreender o que vos falo, por meio dos próprios fatos que se produzem diante de vossos olhos. Na verdade, muitos homens, tomados pelo demônio, em todo o mundo, e também aqui, na vossa cidade, que outros adjurados e feiticeiros não conseguiram curar, MUITOS DOS NOSSOS, EU QUERO DIZER, CRISTÃOS, conseguiram adjurá-los por meio do nome de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos, e os curaram e ainda continuam a curar agora, desarmando e expulsando os demônios que os possuíam”. (P.G. 6, 453B)
Tertuliano (século III), frequentemente chamava a atenção dos pagãos sobre o fato que segue:
“Que tragam aqui, diante dos vossos tribunais, alguém que esteja, certamente, atormentado pelo demônio. Sob a ordem que lhe será dada por QUALQUER CRISTÃO que seja, este espírito irá se proclamar verdadeiramente “demônio”, assim como, falsamente se declara ser Deus”. (P.L. 410)
Em 1922, o Papa Leão XIII havia composto um “pequeno exorcismo” que poderia ser recitado por leigos ou simples fieis. Seu objetivo era o de torná-lo disponível, sobretudo no caso em que pudessem supor que se tratava de qualquer ação demoníaca, manifestada, seja, pela maldade dos homens, seja pelas tentações, doenças, tempestades, calamidades de todas as origens.
Entretanto, o recente magistério pediu aos fieis que não utilizassem esta oração de Leão XIII nas “reuniões de oração visando a obtenção da libertação da influência dos demônios, mesmo em se tratando de exorcismos propriamente ditos: essas reuniões se desenvolvem sob a condução de leigos, mesmo diante da presença de um sacerdote.” (1)
Isto não quer dizer que João Paulo II ou Bento XVI não quisessem que lutássemos contra Satã e os anjos caídos!
Isto quer dizer que, para expulsar os demônios de forma humilde e autêntica, basta que os simples cristãos, em reuniões de oração, devem recorrer aos antigos meios, simples, aparentemente simples, mas que implicam a nossa existência pessoal, a conversão e os nossos empenhos e compromissos.
Lembremo-nos que meios são esses:
─ Invocar o Santo Nome de Jesus (como no tempo da Igreja primitiva, de Tertuliano e de Santo Agostinho).
─ Rezar o Pai Nosso: “Pai Nosso... livrai-nos de todo o mal” “Neste pedido, o Mal não é uma abstração, mas está designando uma pessoa, Satã, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O ‘diabo’ (‘dia-bolos´) é aquele que ‘se lança de través’ do Desígnio, da vontade de Deus e de sua ‘obra de salvação’, realizada em Cristo.” (2)
─ Jejuar um dia inteiro (muitas vezes, se preciso for) (Mt 17, 21).
─ REZAR A Ave Maria, o terço, as invocações a Maria Imaculada:
“[Satã] não tem o poder sobre Ela, a nova Eva, ‘cheia da graça’ do Espírito Santo, preservada do pecado e da corrupção da morte (Conceição Imaculada e Assunção da Santíssima Mãe de Deus, Maria, sempre virgem).” (3)
“A Ave Maria bem rezada, isto é, com atenção, devoção e modéstia é, segundo os santos, inimiga do diabo, coloca-o em fuga, sendo o martelo que o esmaga.” (4)
─ rezar a litania dos santos.
─ viver os sacramentos com amor, sobretudo a confissão e a Missa.
─ Utilizar os sacramentos (água benta, sal abençoado, medalhas escapulários etc) sobre si mesmo (e não sobre qualquer outra pessoa para imitar um exorcista).
─ evitar mal-entendidos com nossos próximos (Satã se serve desses momentos para semear conflitos).
─ Evidentemente, mas é preciso lembrar: evitemos a vidência, os concertos de grupos satanistas, a pornografia, a droga etc.
Estes meios simples que nos permitem rejeitar as más influências (falta de sorte, sortilégios, maldições), as consequências de pecados graves, as tentações obcecantes, vexações satânicas (ou seja, sofrimentos físicos, psíquicos ou espirituais) etc.
E se isso não for o suficiente, cada qual pode se dirigir ao exorcista da sua diocese, para se submeter a um exorcismo solene, em nome da Igreja (ver artigo sobre o Exorcismo público) ─ sem esquecer que o exorcista não pode fazer nada sem a nossa cooperação (atos de fé, orações pessoais etc)
N.B. No sentido estrito, usa-se a palavra “exorcismo” em relação ao exorcismo público.
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(1) Carta da Congregação para a doutrina da fé, 29 de setembro de 1985; congregação para a doutrina da fé, Instrução sobre as orações para se obter a cura de Deus, disposições disciplinares, artigo 9, (14 de setembro de 2000); Papa João Paulo II, na Exortação apostólica Pastoris gregis § 39
(2) Catecismo da Igreja católica § 2851
(3) Catecismo da Igreja católica § 2853
(4) São Luiz Maria de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção, § 253