Doutor da Igreja. Jerônimo, estudante romano, era uma criatura cheia de dinamismo. Aos 19 anos pede para ser batizado e seu caráter íntegro não concebe outra forma de existir, a não ser tendo a vida consagrada a Deus. Mas onde e como? Em busca de sua vocação, o jovem começa a viajar.
Inicialmente, passa dois anos no deserto de Chalcis, na Síria; um pequeno estágio de exaltação ascética e contemplativa, na meditação amorosa das Escrituras, é a melhor preparação para quem deseja servir ao Senhor. Mas Jerônimo precisa de ação.
Então, parte para a Antióquia, famosa pela sua escola exegética. Lá aprende o grego e o hebraico e recebe o sacerdócio.
Passando por Constantinopla, Jerônimo descobre a exegese de Origine e se coloca sob a direção de São Gregório de Nazianze.
São Jerônimo se consagrou à leitura da Bíblia, foi o fundador da exegese e autor da Vulgata (1).
Porém, sempre indeciso sobre o seu futuro, retorna a Roma.
Sua grande cultura faz com que se torne secretário do Papa Dâmaso.
Obteve, igualmente, muito sucesso junto aos laicos: ele era o diretor espiritual de um pequeno círculo de mulheres cristãs, suas admiradoras incondicionais, reunidas à sua volta.
Quando São Dâmaso faleceu, Jerônimo se vê obrigado a abandonar Roma, cidade em que adquiririu muitos inimigos, graças ao seu caráter muito exaltado. Estas “ senhoras” o seguem até Belém. Lá Jerônimo funda um pequeno mosteiro para elas.
O santo encontrou o lugar da sua vocação. Consagra-se, então, ao estudo da Bíblia que traduz em latim (a “Vulgata”) sem deixar de se aborrecer com diversas personalidades e de se intrometer em todas as disputas da época.
São Jerônimo, um dos primeiros grandes defensores da virgindade perpétua de Maria
Grande defensor da virgindade perpétua da Virgem Maria, Jerônimo não foi simplesmente um dos primeiros grandes promotores da teologia mariana, mas foi, de igual forma, um dos primeiros promotores do desempenho e da vocação da mulher, dentro da Igreja, e autor desta fórmula bem conhecida; “A morte nos chegou por meio de Eva; a vida, por meio de Maria”.
Ele foi um dos primeiros a ousar um elogio da virgindade cristã e feminina, numa época em que pensar que as mulheres poderiam desejar permanecer virgens, era motivo de escândalo. Os costumes hebraicos exaltavam sobretudo a maternidade. Quanto aos pagãos, estes negavam toda personalidade jurídica, que deveria então, passar da tutela paterna para a do esposo. Guardar o celibato significava estar contra o poder do pai da família que dispunha das filhas à sua vontade. A igualdade entre o homem e a mulher era considerada como real monstruosidade. Jerônimo, não obstante, formulou um verdadeiro tratado da virgindade que seria a primeira regra das monjas sem claustro. Fiel a seu ideal de asceta, Jerônimo encorajava, nesta via, algumas mulheres da sociedade romana, cujos nomes, tornar-se-iam, imediatamente inseparáveis do seu: Marcela e Paula.
Doutore da Igreja
Jerônimo foi escolhido como um dos Doutores da Igreja, passando perante a história, por um dos mais difíceis caráteres da comunhão dos santos. Mas sua afetividade exacerbada o torna bem mais próximo de nós. Alguns lamentam o fato de ele ter sido irascível e vindicativo.
Mas nós o admiramos pelo seu amor a Cristo e à palavra de Deus. Por outro lado a Igreja o promoveu como um dos seus Doutores, quer dizer, uma referência doutrinal de primeiro plano pelo magistrado católico.
(1) A Vulgata é a Bíblia em latim, traduzida por São Jerônimo. É esta tradução latina da Bíblia o texto de referência da Igreja latina.
Fonte Internet : nominis.cef.fr, 20 mars 2004