Apesar da natureza única do matrimônio virginal de Maria e José, e da fecundidade puramente divina que tomou corpo no seio de Maria, a Santa Família foi, na sua vida cotidiana exterior, uma família como todas as outras famílias.
Ela viveu, no plano humano, a vida simples, laboriosa e orante de todas aquelas ao seu redor, fiéis a Javé e às tradições de Israel.
Todo o mundo ao redor de Maria e José conhecia, muito ou pouco, os membros de sua família. Sabia-se quem eram os pais de Maria, Joaquim e Ana, assim como seus primos, entre outros, Isabel (Lc 1,36-40) e o seu marido, Zacarias, que servia no templo: eles tiveram um filho em sua velhice, João (o futuro João Batista, o precursor), que era primo de Jesus.
Isabel e Zacarias habitavam em Ain Karim; foi aí que Maria havia chegado, em visita à sua prima, desde quando ela havia sabido que Isabel havia concebido durante sua velhice. Maria, bem mais jovem que sua parente, passou ao seu lado três meses, preparando o nascimento de João Batista, ao mesmo tempo que a do seu próprio Filho.
José (cuja genealogia conhecemos através das Escrituras em Mt 1, 1-16), ele também, tinha tios e primos que viviam em Nazaré e arredores, que ele freqüentava assiduamente.
Em breve, uma família com as ligações sociais de todas as famílias, bem implantada na Galiléia, com primos numerosos nas imediações, mas também distante, na Judéia, de onde vinha a ascendência davídica de José.
As Escrituras não falam da infância de Maria. O que se pode saber vem da tradição e de certos apócrifos atestados como verdadeiros por essa tradição.
Desde a infância, a melhor educação religiosa possível
Apreende-se que, entre outras coisas, à idade de três anos, Maria teria sido apresentada no templo por seus pais e aí teria sido educada até a idade de 12 anos. Assim, a futura mãe de Messias teria recebido uma educação religiosa particularmente cuidada, como era tal o costume nas famílias mais fiéis, e que confiavam a sua criança a Deus desde a mais precoce idade. Em seguida, essas jovens retornavam à suas casas para se casar, porque o celibato não fazia parte dos costumes desse tempo.
Assim, chegado o momento, quando Maria completou seu tempo de educação, seus pais lhe buscaram um esposo: e este foi, segundo os desígnios da Providência, José, descendente de rei Davi, “da raiz de Jessé” (Is 11, 1).
O noivado e o matrimônio ocorreram conforme os costumes dos arredores, mesmo se a realidade sobrenatural do que preparava o Senhor com o sagrado casal escondia um mistério tão grandioso que era inexprimível. O evangelho nos revela o essencial, com o relato da Anunciação pelo anjo Gabriel e a resposta de Maria, o seu “fiat” ao anúncio da encarnação do Filho de Deus em seu seio virginal...
Mas podemos somente imaginar o que foi a prova psicológica e sobrenatural, tanto para José quanto para Maria, em frente a tantos acontecimentos que ultrapassavam o entendimento humano: o Messias esperado há séculos, o Filho de Deus, lhe sendo confiado como seu próprio filho, da carne de Maria, ainda virgem...
"Ele, de condição divina,[…] ele se anulou a si mesmo, tornando-se homem como nós” (Fil 2, 6).